quinta-feira, 20 de junho de 2013

A REPENTINA MUDANÇA DE OPINIÃO NO RS COM O IMPERADOR

Mas olha só, não é que o Imperador passou de irresponsável e descompromissado para recuperável e arrependido que merece uma 2ª chance!

E os clubes e seus dirigentes? Não precisam mais de comportamento profissional e responsável?

O RS é pródigo em mudanças de opiniões. 

Para com um certo lado, obviamente...

ENJOY!!!



O culpado pelas lambanças de Adriano Imperador

08 de setembro de 201213
A neve suave, consistente e contínua emoldurava um cenário inesquecível naquele ambiente rural, no interior da Itália. Não muito interior, na verdade.
Eu estava a 41 quilômetros de Milão, na cidadezinha de Appiano Gentile. O casario antigo, as ruas sinuosas e estreitas, a vastidão de campo que se abria quando a gente se afastava um pouco do centrinho davam a sensação de estar dentro de um quadro de Monet.
Só que eu não tinha tempo para divagações, parado em frente ao imenso portão de ferro do CT da Inter, de Milão. Já tinha passado do estágio da ansiedade e rumava para o do pânico com tendência a motim.
Precisava entrevistar o zagueiro Lúcio. Tinha marcado na véspera, mas nada de o celular dele atender. Meus dedos faziam “tlec” a cada manuseio do aparelho.
Não dava para se proteger do frio no carro. Lúcio podia sair pelo portão, que abria e fechava antes que eu pudesse dizer “per favore”. É assim de propósito, para os carrões dos jogadores voarem lá de dentro zunindo. Fraquejei. Não aguentei muito ali em pé, na neve, a 15 graus negativos. Então, aconteceu.
Lúcio trespassou o portão na velocidade de suas arrancadas do Penta enquanto eu esfregava as mãos no banco de trás do carro. E agora? O que eu explicaria quando voltasse ao Brasil? Repórter que é repórter invade a Redação perguntando “quantas páginas eu tenho”, seja qual for a pauta. Não adianta mi-mi-mi. Assim como não adiantava mais ligar para o ex-zagueiro do Inter. Eu tentara 23 vezes, sem resposta. Já ruminava o fracasso quando o celular tocou:
– Oi, aqui é o Lúcio.
– Lúcio! Tu nem sabes com é bom falar contigo. Quer dizer, acho que sabe: estas 23 ligações no teu celular são minhas.
– Me desculpa. É que o clube nos proíbe de atender celular dentro do CT. Se um funcionário nos pega é advertência na certa. Vamos falar?
Falamos. Ufa.
Lembrei desta história a propósito da entrevista do Adriano, uma força indomável da natureza que foi aumentando de circunferência e caindo em descrédito até virar só um apelido. Ele concedeu entrevista coletiva entre patética e deprimente esta semana.
Patética porque Adriano não acredita nas desculpas que pediu, o Flamengo certamente duvida de suas promessas e os jornalistas que lá estavam nem precisavam anotar em seus bloquinhos, tantas foram as vezes que ouviram a mesma ladainha. Triste porque ali havia alguém pedindo ajuda.
Ajudar, no caso de Adriano, não é perdoar sempre. É fixar regras, como fazem os italianos – que, aliás, desistiram dele. Adriano falta a treinos, some do emprego e tira foto de metralhadora ao lado de traficante. Atropela com sua BMW e promove festas de arromba. O jornal O Dia descreveu uma, estilo Roma Antiga, que teria tido a participação de um jumento – torço que apenas como objeto decorativo. Emagrece a ritmo de tartaruga e, claro, nunca joga.
Sabe de quem é a culpa por Adriano seguir na confortável condição de aposentado com maior benefício do planeta? É do Flamengo.
O Flamengo lhe oferece contrato. Paga o seu salário (ou não paga, que o Flamengo não é muito de pagar) graças ao dinheiro produzido pela paixão de seus milhões de torcedores, a maioria trabalhadores que seriam demitidos se faltassem ao trabalho sem avisar. Antes, deveria exigir-lhe tratamento.
Porque é óbvio que ele precisa de ajuda. Agindo desta maneira, o clube passa uma mensagem ruim: a do jeitinho, de resolver tudo numa conversinha, eu te ajudo aqui, você me ajuda ali e fica tudo certo.
Patrícia Amorim surgiu com o aroma da renovação, mas sairá de cena exalando odor de naftalina, repetindo práticas velhas. Entre o coronel Leo, ex-chefe de organizada que ganhou cargos e influência no Flamengo, e Zico, ela ficou com o primeiro. Não faria mesmo nada de diferente além de emprestar cores novas à corte de Adriano.
Não são apenas os jogadores que precisam de comportamento mais profissional e responsável.
Os clubes e seus dirigentes também.
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